Conto: Cicatrizes que ninguém vê


Está vindo uma dor de cabeça. Bem de dentro. Fico me perguntando o que fazer. Me sinto estranha. Me sinto completamente inútil. Não me encaixo em nenhuma parte desse mundo. Só consigo pensar no que há de errado comigo. As pessoas me isolam, me chamam de nomes que eu não entendo. Nomes que machucam e que me fazem chorar. Elas me criticam por ser do meu jeito. Dizem palavras afiadas. Como facas. Que te cortam mais fundo do que se pode imaginar. Não tenho muito amigos. Não tenho muitas pessoas que compreendam e nem pessoas para qual eu possa contar isso. Só queria que as coisas fossem um pouco normal pra variar. Acontece que não vejo a hora de isso acabar e melhorar. Mas será que vai melhorar? Será que alguém vai me olhar como uma pessoa normal? Só queria ficar em paz. Nada mais do que isso. Mas porque eles jogam essas palavras torturantes em cima de mim? Chego em casa e quase todos os dias eu choro. Me sinto a pior criatura do mundo. Já pensei em várias coisas. Pra tentar fazer com que isso sumisse. Mas só me olho e consigo sentir raiva por dentro. Uma raiva que cresce enquanto deixo as lágrimas caírem. Quero ser eu mesma. Quero ser eu sem ouvir palavras que cortam.

Peguei uma faca ontem. Tentei me cortar. Ficar relembrando todos os dias as palavras deles ecoando na minha mente estão me deixando louca. Queria uma escapatória. Cheguei a me cortar várias vezes. Aliviava a dor, a dor que eu não podia aguentar. E tudo aquilo que estava guardado dentro do meu coração. Por um momento isso me assustou. Mas depois, passou a virar uma rotina. Isso me tirava do buraco que estava sendo feito dentro de mim a cada dia que passava. De certa forma me consolava. Ainda tenho as cicatrizes. Eu as sinto quando passo os dedos pelo braço. Ninguém vai realmente entender. Meus pai me achariam louca. Minhas amigas me achariam dignas de pena. E pros outros? Não tenho coragem de dizer. Acho que ninguém pode realmente ajudar. Riem de mim enquanto eu passo, me olham torto e fofocam ao redor. Então ouvi minha amiga falando com o garoto que eu mais gosto. Dizendo que eu era apaixonada por ele. E sabe o que ele fez? Riu de mim. E me xingou. Me chamou de nojenta. Como uma palavra pode acabar com uma pessoa? A única coisa que eu consegui fazer foi sair correndo e chorar. O dia todo. Pensei em todas as formas possíveis de sumir. Muitas vezes prefiro viver no mundo da fantasia. Porque no da realidade não posso ser eu mesma. As pessoas não aceitam. Simplesmente não querem. Só sei que hoje, ninguém fala comigo. Sei que teria que contar pra alguém. Mas é vergonhoso demais. Ainda passo as mãos pelas cicatrizes do meu braço, enquanto lembro. Ai pego a faca ou a tesoura outra vez. Só mais um corte. Pra aliviar a dor. Meus pais se separaram. Minha mãe mora longe. Moro com meu pai que nem sequer se importa se estou viva. Ninguém irá sentir a minha falta. Ninguém. E então faço o corte e deixo sangrar.

Esse é um texto fictício criado por mim sobre uma pessoa que sofre bullying.

Um comentário:

  1. Que triste :/
    Gatinha estou reativando meu canal no youtube, por favor visite e se gostar se inscreva, é muito importante pra mim! Beijos
    Canal: http://www.youtube.com/user/isabelyrogrigues
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